Passei vários dias sem comer e sem dormir.

No lugar do estômago tinha um punho serrado que me socava firme e persistentemente levando-me a barriga a encostar às costas.

O nó na garganta,  secava-me as entranhas e mantinha-as assim porque nada podia passar por ali.

A pressão que o choro e os soluços tinham sobre o meu corpo mantinham-me quase sem conseguir respirar.

Um dia subi a balança e vi 46kgs

Não queria saber disso.

Á minha volta tudo era escuridão e um lugar extremamente estranho.

Dobrava-me sobre mim mesma em posição fetal abraçada ao cobertor e assim passei os meus dias, qual bebé desorientado, perdido , retirado à força dos braços da sua mãe. 

A pior sensação de todas.

A medicação que o médico me receitara deixava-me dormir pesadamente,  queria abrir os olhos e não conseguia parecia engolida para dentro de mim. Andava por lugares estranhos dentro e fora do sono.

Deixei a medicação de lado.

Há sofrimentos que temos de sentir ou então não seremos humanos e sim uma outra coisa qualquer .

Mesmo assim não sei o que seria eu ...

Várias foram as vezes que massacrei os pulsos com as unhas , pressionava com força,  dava por mim a faze-lo repetidamente na tentativa de por à vista a frida que se abrira no meu peito mas que ninguém conseguia ver.

Cá dentro sangrava.

A pouco e pouco o brilho desapareceu e os

meus olhos ficavam turvos,  as pálpebras desciam e o meu rosto apagava-se.

Esta era outra pessoa.

Isto era algo desconhecido. 

De dentro de mim nasceu alguém que não era mais eu.

Eu ficara presa para sempre naquele lugar estranho.

LOve u all